sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tudo começou como uma brincadeira

Essa história de música começou há muito tempo atrás, como uma brincadeira, Claudio e eu quando moleques, tocávamos por pura diversão, pra brincar mesmo, pra passar o tempo e se divertir. Da mesma forma também íamos ouvindo pouco a pouco muitos discos daquela discoteca tão variada que meu pai tinha em casa, centenas de LP´s, e ouvíamos de Adoniram Barbosa até Louis Armstron. Como gostava de música ele tinha também alguns gravadores de som interessantes, que foram nosso primeiro “estúdio” de música, foi assim que intuitivamente a gente começou a registrar as músicas que fazíamos em fita.

Com um gravador de rolo daqueles antigos de apenas 2 canais, a gente gravava um monte de coisas, era super divertido. Depois, utilizando dois toca fitas, a gente começou a fazer os primeiros “over dubs” usando a técnica “ping pong”, ou seja, gravando faixa sobre faixa, passando de uma fita para a outra, o que era extremamente rústico, já que o ruído ia se somando a cada instrumento que adicionávamos e o resultado era bem sujo, mas era também o único recurso que possuíamos aonde podíamos sobrepor vozes e instrumentos.

Depois fomos nos sofisticando, e apareceu nosso primeiro porta estúdio de fita cassete (creio que um TASCAM), e com ele podíamos gravar até 4 canais por separado, um de cada vez, com controle separado de volume, um luxo, aquilo foi uma revolução tecnológica incrível no nosso som, pra gente algo comparável com a chegada do Homem a lua!

Depois paralelamente fomos comprando alguns instrumentos, como a minha primeira guitarra, uma Fender Squier Stratocaster, um instrumento fantástico que conservo até hoje (essa eu ganhei do meu pai). Logo depois trocamos o porta estúdio de 4 canais por um de 8 canais, e ai já estávamos fazendo som e gravando na garagem da casa, que fomos tomando posse pouco a pouco, e nesse espaço colocamos uma bateria e depois um baixo, assim como alguns microfones, tudo junto a muita coisa velha que as pessoas guardam na garagem, e que eram nosso tratamento acústico natural. Surge então o estúdio “a fornalha”, nome de pizzaria que recebeu espontaneamente porque no verão ao mesmo tempo em que tocávamos também nos cozinhávamos!

Agente foi gostando da coisa, e então o Claudio aparece com uma terceira revolução, muito maior que a anterior, ele saca o porta estúdio digital (dos primeiros, gravava em MD) e resolve começar a gravar num PC. Eu reconheço que fiquei chocado, fui contra, achei aquilo um absurdo, eu esperava ver algum dia a gente conseguindo comprar um gravador ADAT de 8 canais profissional, mas não um computador.

Felizmente em pouco tempo ele me demonstrou que o resultado e as possibilidades eram infinitamente superiores, e que os estúdios de verdade, agora estavam migrando para o computador e que esse seria o futuro de todos, incluídos a gente. Pois bem, com esse micro gravamos muita coisa, dezenas de músicas nossas, e fomos aprendendo como funcionava o processo, como o som era digital e as possibilidades na mixagem muito maiores, o resultado começou a ficar muito mais limpo. Foi então que decidimos aprender a gravar corretamente e fizemos um curso muito bom de gravação com um camarada chamado Solom, nosso mestre no áudio, e o aprendizado foi muito bacana. Aprendemos muito, principalmente uma serie de conceitos básicos que desconhecíamos totalmente, e a partir daí nossos resultados foram mudando radicalmente.

Estimado leitor, desde a primeira linha desta história até aqui, já se passaram pelo menos uns dez anos, e foi então quando aparece o projeto do Tuta. Chegamos a ele e oferecemos a idéia maluca de gravar o seu disco, e ele mais maluco ainda “botou uma fé” naqueles dois moleques e embarcou de cabeça. Esse disco foi o primeiro, o piloto, e que graças a Deus deu muito certo. Então foi nessa época que decidimos rebatizar o estudio “a fornalha” e colocar um nome de verdade, e surge o “Buena Onda”, obviamente por influencias nossas argentinas.


A gravação do “Da Montanha” foi um aprendizado incrível para todos nós, porque durante todo aquele processo pudemos cometer todos os erros que vocês imaginam, e também os inimagináveis, pois é só assim que se aprende, fazendo, e tentando fazer o melhor possível, pois sabíamos que tínhamos na mão a responsabilidade de honrar um ministério musical muito bacana do Tuta, e um trabalho pra honra de Deus, e isso a gente sempre tinha em mente (alguma outra hora contaremos alguns dos muitos “causos” dessa gravação, afinal durou mais de um ano de trabalho).

Hoje olhando pra trás a gente nunca iria imaginar que daquelas brincadeiras com os gravadores de fita, que das músicas que compúnhamos, e tudo mais que fizemos tocando por ai, iria brotar a semente pra um ministério chamado “Buena Onda”, que hoje tem uma porção de amigos participando com a gente. Deus faz coisas realmente incríveis em nossas vidas, nos prepara lá atrás, por caminhos que não podemos imaginar, algo realmente maravilhoso.

Conto tudo isso porque estou muito contente, pois já "esta no forno”, sendo prensado, o segundo CD do Claudio "Vida Verdadeira", um disco muito diferente, que fala do Amor e da Graça de um Pai que nos recebe do jeitinho que somos, mal trapilhos, e que escreve nossas trajetórias com muito amor e cuidado, que nos dá o privilégio de fazer algo tão gostoso como trabalhar com música, seja tocando, compondo ou gravando.

Hoje, passados todos estes anos, tenho certeza de que lá atrás, quando ainda éramos apenas uns garotos roqueiros, ele já sabia que a gente ia usar esse “talento” pra honra e gloria DEle, pra levar a sua mensagem pra bem longe.

O mais legal é que fisicamente um disco pode chegar a lugares tão distantes que a gente nem imagina, e provavelmente nunca vai saber, mas o melhor de tudo é que a mensagem espiritual contida nessas músicas chega em lugares muito mais profundos, na alma das pessoas, quebrando corações e transformando vidas.

Glória a Deus por isso.

Um abraço,
TchuTchi.

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